4 passos fundamentais no processo de inovação

Num mundo em constante mudança e que avança cada vez mais rápido, como é que podemos ultrapassar esse ritmo, ser pioneiros e aproveitar as oportunidades? Ou seja, como é que podemos inovar? Uma coisa é a teoria, outra a prática. Pode onde começar? O que é necessário para consegui-lo? E como convencemos os outros de que as nossas ideias valem o seu peso em ouro? Para inovar não é necessário ter uma mente prodigiosa nem ser especialista em estratégia criativa. Qualquer um pode fazê-lo. O Professor João Paulo Pinto ensina-nos como aproveitar o potencial das nossas ideias revolucionárias e abrir caminho para a inovação, no curso da GoodHabitz 'Missão: Inovar!'.

Segundo João Paulo Pinto, Professor universitário

Engenheiro de formação e Professor universitário, João Paulo Pinto, está ligado ao ensino superior desde 1993 e tem vindo a desenvolver a sua atividade também no mundo empresarial. Em 2006 criou a sua própria empresa de consultoria e formação, trabalhando com organizações públicas e privadas dos mais variados setores, desde o setor industrial aos serviços. É especialista nas áreas de melhoria contínua, inovação, projetos ágeis, Lean, Six Sigma e operações. Por isso, ninguém melhor do que ele para nos falar sobre como podemos ser mais inovadores, no curso da GoodHabitz “Missão Inovar!”.

O que é a inovação?

Segundo João Paulo Pinto, “a inovação é a aplicação prática de ideias criativas, que resultam ou na criação de novos produtos, serviços ou processos, ou até mesmo na melhoria dos existentes”. Podemos por exemplo, falar de inovação incremental quando nos referimos à atividade de “pegar no existente, seja a nível de produtos, serviços ou processos, e ir fazendo melhorias graduais.” Por outro lado, podemos inovar completamente “começando do nada, saltando fora da zona de conforto e apresentar novos produtos.”

João Paulo Pinto aproveita também para referir um “outro conceito muito interessante, a chamada ‘inovação frugal’, que tem como propósito olhar para produtos ou serviços existentes e, eventualmente, remover componentes que não acrescentem valor ou que, na prática, não são utilizados, procurando assim um maior respeito pelo ambiente e também reduzir custos e tempos”. Dá-nos o exemplo do canivete suíço: “tem uma série de utensílios que, na prática, acabamos por nunca utilizar. Ou seja, incluímos ‘features’ num produto que depois não utilizamos. Essa ideia da inovação frugal, no fundo, acaba por remover essas partes que não são, na prática, utilizadas, procurando respeitar o ambiente, os custos e os tempos, e acaba por ser uma vantagem importante a considerar.”

3 razões para inovar

1. Resposta aos desafios económicos, sociais e ecológicos

A inovação é fundamental na sociedade moderna. Cada vez mais países acreditam que a inovação é a resposta aos desafios que enfrentam em termos económicos, sociais e ecológicos. Os governos estão dispostos a investir milhões em I&D para melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos, proteger o meio ambiente e ultrapassar crises monetárias.

2. Diferenciação da concorrência

No mundo dos negócios, as empresas pedem cada vez mais patentes e inovam a um ritmo vertiginoso. A título de exemplo: a televisão a cores, criada há mais de meio século, levou 10 anos a converter-se num fenómeno generalizado e a entrar na casa de cada espetador, mas o YouTube apenas precisou de 16 meses após o seu lançamento, em 2005, para atingir mais de 30 milhões de visualizações por dia. Devido a este desenvolvimento frenético da tecnologia, cada vez mais empresas abraçam a inovação, na esperança de se demarcarem da concorrência. O mundo está em constante evolução... e quem não acompanha o ritmo fica para trás.

3. Criação dos postos de trabalho do futuro

A rapidez da mudança não afeta apenas as empresas, mas também a vida dos consumidores. Devido à digitalização e às novas tecnologias, os computadores desempenham tarefas cada vez mais complexas, o que provoca o desaparecimento de determinados postos de trabalho. Hoje em dia, os bancos operam quase inteiramente online, os supermercados convidam as pessoas a fazer as compras sem assistência humana e as empresas de transportes públicos começam a testar os autocarros com condução autónoma... É impossível saber ao certo se os postos de trabalho atuais continuarão a existir daqui a dez anos.

As empresas procuram candidatos capazes de analisar os problemas de outro prisma e de os resolver com engenho. E aqui entra em jogo a capacidade de inovação, requisito essencial dos colaboradores do futuro.

4 passos fundamentais para inovar

1. Não ficar à espera do momento certo

Cada vez desaparecem mais profissões do mercado e o ciclo de vida médio dos produtos diminui a cada dia. Neste cenário, optar pelo status quo seria assinar a sentença de morte. Mas mudar nem sempre é fácil. Para João Paulo Pinto não existe um momento certo para inovar: “uma empresa que deixa de o fazer corre o risco de ficar para trás. Aliás, se estivermos atentos à evolução da sociedade e da economia, temos visto ciclos cada vez mais curtos. Portanto, uma pressão muito grande para responder rapidamente às mudanças, quer sejam sociológicas, tecnológicas, até mesmo económicas. Portanto, não sei se haverá um momento certo. As empresas não podem deixar de o fazer. Esta preocupação de estar atento e procurar apresentar novas ideias, novos produtos, novos serviços, acho que deve fazer parte de qualquer organização, seja ela pública, seja privada, com ou sem fins lucrativos, seja uma entidade religiosa, por exemplo. Porque nós não temos de mudar ao nível do produto ou do serviço, também podemos melhorar o processo, ser inovadores ao nível do processo. Fazer talvez o que toda a gente faz, mas fazer melhor, mais rápido. Fazer, por exemplo, tendo menos impacto ambiental. Não consigo, e facto, imaginar abrir mão da inovação neste aspeto.”

2. Criar um sistema de inovação

João Paulo Pinto destaca alguns requisitos importantes que uma organização tem de reunir para ter o seu modelo de inovação: “Principalmente, acho que o mais importante é ter uma estratégia muito bem definida. Como também é importante conhecer o clima, quer seja no que diz respeito aos aspetos internos ou externos. Fatores que estão associados e que podem de alguma forma favorecer ou até limitar a inovação. Outro aspeto importante é a própria estrutura do sistema de inovação. Tem de ser uma estrutura formal, disciplinada e muito bem definida. Não consigo conceber a inovação como algo que se faz espontaneamente, esporadicamente. Tem de ser algo muito bem definido.”

Por fim, é importante o foco no cliente. Pode contratar os melhores engenheiros, desenvolver as tecnologias mais avançadas e gastar rios de dinheiro, mas, feitas as contas, a inovação resume-se a um único aspeto: as necessidades dos seus clientes. Se a sua inovação não despertar o interesse dos seus clientes, não conquistará o mercado. Daí a importância de incorporar algumas ideias do Agile, como refere João Paulo Pinto, “para que ao longo de todas as etapas do processo de inovação consigamos ter sempre o input, a participação e o envolvimento do cliente para não corrermos o risco de chegar ao fim e entregarmos algo que até seguiu o passo a passo correto, mas depois não é apreciado pelo cliente ou chegou fora do tempo.”

3. Procurar colaboração interna e externa

“Podemos ver isto de duas perspetivas”, refere João Paulo Pinto. “Uma perspetiva mais externa, em que a nossa empresa deve, obviamente, procurar a colaboração com entidades externas, porque tal como acontece com o conhecimento, este é gerado através do networking. A inovação, hoje em dia, tem de ser de facto, vista desta forma.” João Paulo Pinto chama a atenção para o conceito “Triângulo do conhecimento”, sugerido pela União Europeia e constituído por três pilares - educação, investigação e inovação. Este é “um exemplo claro de colaboração. Temos uma chamada ‘Open Collaboration’. Acho que faz todo o sentido criar estas redes colaborativas.” João Paulo Pinto destaca também a importância da colaboração interna, entre departamentos, e fala-nos sobre a figura do “Innovation Champion”: “Será quase um Team Leader que, no fundo, promove a comunicação, cria o clima para a comunicação, para a partilha de ideias. De alguma forma também incentiva e desafia as pessoas para novos produtos, novos serviços, novos processos.” E conclui que a colaboração deve, portanto, existir tanto a nível interno como externo: “Viver sozinho não faz sentido. Nós não podemos estar orgulhosamente sós. E na inovação mais sentido faz. Mais ainda quando hoje temos a possibilidade de estar cada vez mais conectados com os nossos clientes, através do ‘mobile’. Portanto, mais um bom motivo para trazermos também esse input direto e a partir daí, cada vez mais, irmos ao encontro das necessidades internas e também externas.”

4. Utilizar o Design Thinking

O Design Thinking é uma metodologia de pensamento criativo que começa pela empatia: o que faz palpitar o coração dos clientes e de que realmente precisam? Este método centra-se nos utilizadores finais e não na tecnologia. O que importa aqui são os desejos, necessidades e desafios dos utilizadores. No fim de contas, ninguém conhece melhor o produto do que os clientes. Quem melhor para dizer o que funciona e o que não funciona? João Paulo Pinto destaca a importância de envolver a voz do cliente no processo de inovação e que esta tem sido sempre a grande dificuldade das empresas, incorporar as necessidades, os desejos e as expectativas do cliente. “A chamada ‘voz do cliente’ ou ‘voice of costumer’ acaba por ser um dos principais inputs neste processo. Neste âmbito, o “Design Thinking” tem uma abordagem diferente, uma abordagem mais extravagante, muito focada no cliente. O ‘Design Thinking’ tem ferramentas como os chamados ‘Mapas de empatia’, onde faz auscultação de necessidades, de dificuldades e até mesmo de receios, para podermos ter essa informação, que é valiosíssima, em todo o processo de inovação.

Há outro aspeto também interessante. Além de envolvermos o cliente e ouvirmos a sua voz, nós hoje temos tecnologia para isso, toda a estrutura ‘mobile’ que permite quase online saber o comportamento, saber a reação, saber o feedback do cliente...”, refere João Paulo Pinto. Por fim, explica uma outra característica do ‘Design Thinking’, ligada ao fazer e depois pensar, em vez do modelo clássico: “Ou seja, desta forma erramos mais depressa, erramos com mais frequência, mas também há uma vantagem. Chegamos mais depressa à solução correta.”

Agora que já aprendeu um pouco sobre inovação, ponha mãos à obra e dê uma vista de olhos no curso 'Missão Inovar!'.

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